Eucalipto vai bem e mostra ser do bem no sul da Bahia


Antes da fábrica moderna, do viveiro de mudas e das operações mecanizadas no campo, a visita na Veracel começa pelo que parece ser o xodó e motivo de orgulho de sua equipe: a Estação RPPN – sigla para Reserva Particular do Patrimônio Natural – Veracel, que ocupa 6.069 hectares nos municípios baianos de Porto Seguro e Santa Cruz de Cabrália.

Na reserva, foram registradas 270 das cerca de 350 espécies de aves já encontradas naquela que é chamada a Costa do Descobrimento. Entre elas, espécies consideradas ameaçadas e quase extintas, como o crejoá e o urutau-de-asa-branca, e mais recentemente, ninhos de harpia, ou gavião-real, espécie dificilmente encontrada atualmente na mata atlântica. A vocação para as aves é tal que o local passou a receber grupos de observadores de aves, já tendo recepcionado 800 pessoas para essa atividade nos últimos doze meses, além de estudantes da região.

O destaque não se restringe à fauna. A RPPN Veracel ainda foi considerada pela UICN – União Internacional para a Conservação da Natureza uma das 20 áreas com o maior número de espécies de árvores do mundo, informa, orgulhosa, a bióloga Virgínia Camargos, coordenadora ambiental da unidade, que recepcionou o grupo de jornalistas convidados para a visita.

Além da reserva e dos trabalhos com a comunidade local, a Veracel assegura preservar um hectare de mata nativa para cada hectare de eucalipto, construindo ainda corredores de biodiversidade em áreas de pastagens para interligar os trechos de mata, e a RPPN Veracel com o Parque Nacional do Pau Brasil.

Nesse programa de restituição da mata atlântica, em doze anos uma área é recuperada, a um custo de R$ 9 mil/ha. O maior desafio, porém, não é orçamentário, diz Renato Carneiro Filho, gerente de Sustentabilidade da empresa, mas com o engajamento dos proprietários rurais do entorno na proteção das matas nativas, uma vez que sozinha a empresa não consegue recompor toda a floresta.

A Veracel adota ainda, em uma prática crescente no setor, plantios intercalados entre eucalipto e mata nativa, chamados de “plantios em mosaico”, para melhor preservação do ambiente.

O corte é feito em escalonamento por idade, para que sempre haja uma faixa de eucalipto conectando uma área de mata natural, explica Carneiro. O executivo rebate alegações de que o eucalipto desfavorece a fauna: “além de manter a temperatura mais amena, o reflorestamento serve de abrigo para a fauna circular e, especialmente, para as espécies de aves, que estariam vulneráveis a ação dos predadores em pastagem, por exemplo”, explica.

Falando sobre o diálogo e os projetos desenvolvidos com a comunidade local, incluindo a população indígena e posseiros, Andreas Birmoser, presidente da Veracel, empresa formada pela brasileira Fibria (recentemente comprada pela Suzano) e pela sueca Stora Enso, é enfático: “a Veracel não é apenas uma empresa de celulose, mas está inserida em um ambiente e em uma comunidade que precisam ser levados em conta”.

. . .

Leia também: